domingo, outubro 07, 2007

Mais um texto do Renan, muito bom.

Se você não for músico, vai achar totalmente sem sentido. Se for, genial hehe.

Uma história de brevidade

Vivia dentro de uma mínima. Jamais conhecera a semibreve que, por meiose, a originara. Contudo,vivia feliz em seu compasso. Binário simples.
Dividia-o com uma outra mínima, agora desabitada. Todos as vezes que a tocavam, sentia-se de tal forma emocionada que quase deixava escapar um ponto de aumento.
Não! Não poderia!
Transgrediria a determinação da armadura.
Ali, fechada em seu circunspecto e restrito espaço, aguardava todos os dias que alguém, mesmo que um leigo, nela repara-se.Tão esbelta, educada e contínua mínima de sol. Tantos tantos anos esperou. Viveu assim: mínima. Quando solicitada,cumpria seu papel. Dado o momento, cessava. Restava o esperar fastidioso da pausa sempiterna de uma transitória memória.
Um dia olhada, estava de luto. Semínima resignada. Agora, dilacerada sua minimidade, passou a atar-se vendas. E a armadura já não mais importava.Colcheia. Semicolcheia. Fusa. Semifusa. Confusa. simples pausa de respiração que encontrou a humanidade da funesta, sonora e envolvente música eternal.Tudo porque era assim. Tudo porque viveu assim. Uma singela mínima.
Obrigado por ler, nos visite mais vezes!