sexta-feira, dezembro 01, 2006

O burro


Tanto barulho
tanta propaganda
quanto choro.
Eles não tem riso
nem rosto
nem nome
nem privada
nem nada
e de tanto ouvir
não e não e não
como esperam que eles saiam do chão?

Quando erguem a mão, ou melhor
colocam a mão, com toda a razão desse mundo,
num tênis que custa um salário mínimo,
sim, um tênis...
comprado com dinheiro roubado,
dinheiro roubado dos trabalhadores...
(A escravidão não acabou meus amigos,
ela apenas mudou de nome
e está apenas começando.)
Lucro implica em vantagem,
vantagem de quem em cima de quem?
Bom, eu estava falando do tênis.
E descobri que o capitalismo é um roubo.
E se um salário mínimo não paga um tênis
de um mínino mimado que nunca trabalhou na vida...
Eu digo que não só o capitalismo é um roubo
mas que a democracia é uma bobagem.
E quando um menino tira o tênis do outro.
Ele é um ladrão, o burro, o ignorante, o malandro.
O palhaço e a piada, o bandido, o negro, o burro.
Bandido, o burro, safado, malandro burro,
ladrão, burro, ignorante, o burro, burro
burro,
burro...
(e o proconceito continua infinitamente para o além, tranqüilo contente e feliz, saltitando pelo caminho)
É quem trabalha para não receber
luta para não vencer.
Come não porque é gostoso,
mas come para não morrer.

Você já pensou que para você ter o que tem alguém tem que não ter alguma coisa?

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