quinta-feira, dezembro 28, 2006
É uma reposta ao poema Morte e Vida Severina de João Cabral de Melo Neto:
( o poema Morte e Vida Severina estará no final , para quem tiver curiosidade de ler )
A Resposta
--Mas agora lhe digo, Severino, retirante:
Ouça João, seu irmão,
Que diz só haver solução
No Jesus que ama o sertão,
Não só o nordestino, mas o sertão do nosso coração,
Que vive numa seca danada
Até encontrar a Sua salvação.
--Ouça ainda, Severino, seu sábio irmão João;
Que achou justiça e paz
No Jesus que ama o sertão;
E agora vive feliz da vida,
Sem medo nem desespero,
Pois a morte é só o começo;
Começo do que não vai acabar,
Fim do que era pra passar.
Breve intervalo pro fim tão esperado;
Onde a fome vai ser zero,
E o coração seco vai encontrar
O Jesus que é enchente e torrente pra toda gente
Que vive procurando e buscando o que só nEle há.
Severino, quando os rios forem grandes braços de mar,
Não salte da ponte, da vida;
Salte, antes, pros braços abertos do Jesus
Que na cruz derramou seu sangue pra lavar
O pecado que sujava o coração seco de cada um
Que vivia sem esperança, mas agora pode sonhar.
Severino, essa vida só vale a pena ser vivida
Quando o coração encontra pouso
No Jesus que ama o sertão
E deu Sua vida pra que nós soubéssemos viver;
Uma vida que, embora severina,
Será alegre por Seu amor conhecer.
---------
E se somos severinos iguais em tudo nessa vida,
resta-nos encontrar o Amor que sempre esperamos:
Jesus, o pastor de nossa vida,
aquele que nos leva a descansar
nas fontes inesgotáveis do seu amor,
e nos chama pra vivermos a seu lado,
descobrindo sua alegria e experimentando seu favor.
O peoma de João Cabral...
O RETIRANTE EXPLICA AO LEITOR QUEM É E A QUE VAI
— O meu nome é Severino,
como não tenho outro de pia.
Como há muitos Severinos,
que é santo de romaria,
deram então de me chamar
Severino de Maria
como há muitos Severinos
com mães chamadas Maria,
fiquei sendo o da Maria do finado Zacarias.
Mais isso ainda diz pouco:
há muitos na freguesia,
por causa de um coronel
que se chamou Zacarias
e que foi o mais antigo
senhor desta sesmaria.
Como então dizer quem falo
ora a Vossas Senhorias?
Vejamos: é o Severino
da Maria do Zacarias,
lá da serra da Costela,
limites da Paraíba.
Mas isso ainda diz pouco:
se ao menos mais cinco havia
com nome de Severino
filhos de tantas Marias
mulheres de outros tantos,
já finados, Zacarias,
vivendo na mesma serra
magra e ossuda em que eu vivia.
Somos muitos Severinos
iguais em tudo na vida:
na mesma cabeça grande
que a custo é que se equilibra,
no mesmo ventre crescido
sobre as mesmas pernas finas
e iguais também porque o sangue,
que usamos tem pouca tinta.
E se somos Severinos
iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual,
mesma morte severina:
que é a morte de que se morre
de velhice antes dos trinta,
de emboscada antes dos vinte
de fome um pouco por dia
(de fraqueza e de doença
é que a morte severina
ataca em qualquer idade,
e até gente não nascida).
Somos muitos Severinos
iguais em tudo e na sina:
a de abrandar estas pedras
suando-se muito em cima,
a de tentar despertar
terra sempre mais extinta,
a de querer arrancar
alguns roçado da cinza.
Mas, para que me conheçam
melhor Vossas Senhorias
e melhor possam seguir
a história de minha vida,
passo a ser o Severino
que em vossa presença emigra.
quarta-feira, dezembro 27, 2006
"Espaçinho entre o ouvir e o escutar."
Hoje é o tipo da noite
em que as músicas
só escondem o silêncio.
Preenxem meus ouvidos
mas escuto nada.
Apaguei a luz do meu quarto
para a noite clara me
fazer sombras na parede.
Na cabeça,
só barulho,
muito barulho.
idéias correm de um --------------->lado para o
outro<---------------------.
Uma bolsa de valores só para mim.
Na minha cabeça.
Fora de mim,
pessoas decepcionadas
com outras.
Tento arrumar,
mas não dá.
Falta comunicação,
falta amor,
falta tudo.
Vejo pessoas discutindo
o tempo todo.
O tempo todo.
Essas pessoas também sou eu.
Discutem por nada.
Pelo simples prazer de discutir.
Eles não sabem se relacionar,
eu não sei me relacionar,
você também não deve saber.( ohhh! )
Ninguém sabe.
A resposta é tão simples,
bonita ou até ridícula para alguns,
mas bem difícil.
Não julgue,
trate com amor,
entenda o próximo
Porque também,
você é o próximo,
do próximo!.
Mas isso ninguém faz!
Vou tentar ser a excessão,
sabendo que não vou conseguir.
Mas na derrota da tentativa
terei a vitória da intenção.
Um bichinho corre pela minha mesa,
anda pelo meu monitor,
quase matei ele.
Mas ele é legal!
Tem várias perninhas,
voa como ninguém.
Fica feliz por causa da luz,
e eu por ver a beleza da sua pequenitude!
Essas pessoas, podiam ser simples assim!
terça-feira, dezembro 26, 2006
Um tipo de filosofia do armário, hauhauhauhau!!
Confiram!
O Armário
O que é o interior de um armário, senão um pequeno depósito de pertences pertencentes a um ser vivente? Tratam-no, todavia, como um baú detentor do que o tal ser vivente tem de mais precioso. O mistério do armário, em verdade, me fascina. E se tudo que ele contivesse em um instante desaparecesse? Desesperar-se-ia o dono do armário? Por que roupas definem o que somos, afinal? Dirão: "mas você é o que veste". Mentira! Como o armário está para a roupa, assim a roupa para o corpo humano: invólucro e conteúdo. Aí a sabedoria popular pede a palavra: "o que importa é o conteúdo", diz ela, e o diz com acerto. Por que nossa era trata de tratar e bem-cuidar dos invólucros e esquece-se do conteúdo?
Mas roupas continuam a me fascinar. Vejo um triste ser vivente a dirigir-se ao shopping, no intuito de curar sua tristeza com a compra de uma roupa mais, que jogada será no seu armário. Rápida é a cura, que rapidamente também se vai.
Volto meus olhos agora para o abarrotado armário: e não compreendo como ele pode tão cheio estar se a muitos lhes falta o que vestir e com o que se cobrir; realidade essa triste, mas que para tantos parece que não existe.
Disseram-me que um ser vivente contente estaria se tivesse o que comer, algo para vestir, amigos para amar, um par pra sonhar e, principalmente, um Deus pra confiar.
E, com o maior acerto, me disseram. Fica a pergunta de resposta certa no ar: parece-te mesmo que, desta vida, poderemos conosco roupas levar?
segunda-feira, dezembro 25, 2006
As nuvens faziam ondas
num céu azul marinho
onde muitas esperanças
se juntavam pelo caminho.
Nas ondas, nas nuvens,
corriam os sobrinhos
da memória que eu temo
tanto tanto esquecer.
Lembro para não esquecer
dessas lembranças que rodeiam
meu vazio mais sincero
elas me completam de coisas.
Coisas estranhas, fabulosas,
mistério, angústia, fascínio
desespero, e outras coisas
a quem o homem ainda não deu nome.
Minha conciência
conversava com alguém.
Eu não entendia uma palavra,
ficava só dando voltas.
Era uma noite clara e escura
a lua dançava com as estrelas,
aquela coisa toda.
domingo, dezembro 24, 2006
valeu pelo texto!!
Trecho - Fernando Pessoa
Uns Versos Quaisquer
Vive um momento com saudade dele
Já ao vivê-lo . . .
Barcas vazias, sempre nos impele
Como a um solto cabelo
Um vento para longe, e não sabemos,
Ao viver, que sentimos ou queremos . . .
Demo-nos pois a consciência disto
Como de um lago
Posto em paisagens de torpor mortiço
Sob um céu ermo e vago,
E que nossa consciência de nós seja
Uma cousa que nada já deseja . . .
Assim idênticos à hora toda
Em seu pleno sabor,
Nossa vida será nossa anteboda:
Não nós, mas uma cor,
Um perfume, um meneio de arvoredo,
E a morte não virá nem tarde ou cedo . . .
Porque o que importa é que já nada importe . . .
Nada nos vale
Que se debruce sobre nós a Sorte,
Ou, tênue e longe, cale
Seus gestos . . . Tudo é o mesmo . . . Eis o momento . . .
Sejamo-lo . . .
Pra quê o pensamento? . . .
sexta-feira, dezembro 22, 2006
(E pessoas, poetas secretos e companhia.
Me mandem seus textos também!
Quanto mais variedade de autores tivermos, melhor!
Podem ser textos anônimos!)
Meus medos!
Não ser entendido
ao escrever essas palavras
porque elas são simples
são meras e vagas.
Também simples
o que quero falar
mas não corro o risco
de colocar no papel
Qualquer coisa
podemos entender,
nessa duplicidade palavresca,
porque os versos são ambíguos
e nos sacodem.
O que eu digo,
o que eu sinto,
pode até sacudir por dentro
mas é mais específico que um verso
e não é ambíguo!
Coisas que não adianta ninguém te contar
te escrever, te prometer.
Você tem que ver por si.
E não é difícil de enxergar.
Como posso eu
falar tudo pelo poema
se o principal
não se faz de letra!
Achei aleatoriamente na internet e aqui vai:
(Fernando Pessoa)
Alberto Caeiro ( Heterônimo )
II - O Meu Olhar
O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de, vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...
Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender ...
O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...
Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar ...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar...
quarta-feira, dezembro 20, 2006
Realmente não conheço ninguém tão certa de si mesmo como você. Parece que sabe de onde veio, onde está e pra onde vai.
Humana como todo mundo, está às vezes certa e às vezes errada. Sua certeza é penetrante, seu erro tão sólido que quase parece um acerto. Se existe alguém que é capaz de errar com certeza e convencer alguém só pelo jeitinho, é você.
Olhando de longe, em terceira pessoa:
Nem sempre ela é compreendida e nem por isso ela muda. ( na minha opinião isso é surpreendente! ) Parece que ela entendeu antes de todo mundo que ficar se dobrando para ser aceito é uma grotesca perda de tempo, uma besteira boba.
Ela sabe ser ela mesma! Coisa que não se encontra em qualquer pessoa.
Olhando de perto,
Ainda sabe ser doce,
sorrir...
(e escolher muito bem as saias!)
sinceramente não sei o que ela procura,
mas espero descobrir!
Essa descrição é só a capa de um livro.
O que existe dentro dele?
aos poucos vamos descobrindo hehe...
E não digam que ela é grossa!!
Quem pensa é que deve ser um mala!!
O que há para o dia de amanhã?
hehehe, você escolhe o filme!
Espero que você goste:)
terça-feira, dezembro 19, 2006
segunda-feira, dezembro 18, 2006
Mas também não quero saber.
Quero saber fazer sorrisos,
mudanças, momentos!
Ah, os momentos...
Queremos fazê-los eternos
mas o seu significado
é justamente um pequeno
pedaçinho de todo o tempo,
que ganhou um adjetivo
e se chamou "Momento"
Vamos fazer não textos
nem músicas
nem arte
nem obras
nem peças
nem substantivo nenhum.
Vamos fazer
alguém feliz,
alguém rir,
vamos fazer verbos
e adjetivos.
Assim fica tudo,
bem mais
bem mais
interessante.
Ass: meu
sábado, dezembro 16, 2006
O amor. Eros.
Algo tão delicado...
ou tão cego
ou tão estúpido!
Delicado?
Corações quebram o tempo todo.
Que droga né?
É.
Amor cego é aquele que você cria para se fazer merecedor da pessoa que não te ama.
Deep. Deeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeep.
Tão estúpido? Às vezes da raiva quebrar a cara por algo tão nobre e ficar que nem um bunda.
No vácuo!
Já descobriu que um amigo gosta da mesma menina que você?
Já descobriu que quem você gostava era um(a) idiota?
Porque essas coisas ficam cobertas e se descobrem?
É tudo uma armadilha dos nossos instintos.
Só pode ser.
É isso.
Nos pegamos esses instintos, chamamos tudo de natural.
Chamamos de amor, para ficar com um nome bonitinho, criamos e destruímos espectativas.
Tudo pode ser uma grande e fedida b...
Ou pode simplesmente ser ao contrário de tudo isso:
Dar certo.
Acho que para acertar temos que errar...
Ou não?
Não sei.
Mas para conseguir nós temos que tentar
Sei lá!
Quem inventou o amor,
me explica, por favor. (RR)
Assinado: meu
Meu Sonho (Cecília Meireles)
para teu rosto se mirar.
Mas só a sombra dos meus olhos
ficou por cima, a procurar...
Os pássaros da madrugada
não têm coragem de cantar,
vendo o meu sonho interminável
e a esperança do meu olhar.
Procurei-te em vão pela terra,
perto do céu, por sobre o mar.
Se não chegas nem pelo sonho,
por que insisto em te imaginar ?
Quando vierem fechar meus olhos,
talvez não se deixem fechar.
Talvez pensem que o tempo volta,
e que vens, se o tempo voltar.
quinta-feira, dezembro 14, 2006
Não Sei Quantas Almas Tenho (Fernando Pessoa)
Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não atem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que sogue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: “Fui eu?”
Deus sabe, porque o escreveu.
segunda-feira, dezembro 11, 2006
Texto totalmente nada a ver, o cara é homem e fala de não ter namorado... Nada a ver com os outros poemas do blog, nada a ver com nossa realidade, nada a ver com nada, mas ainda muito bom...
Ter ou não ter namorado, eis a questão
Atribuído a Carlos Drummond de Andrade,mas é de Artur da Távola
Quem não tem namorado é alguém que tirou férias remuneradas de si mesmo. Namorado é a mais difícil das conquistas. Difícil porque namorado de verdade é muito raro. Necessita de adivinhação, de pele, saliva, lágrima, nuvem, quindim, brisa ou filosofia. Paquera, gabira, flerte, caso, transa, envolvimento, até paixão é fácil. Mas namorado mesmo é muito difícil.
Namorado não precisa ser o mais bonito, mas ser aquele a quem se quer proteger e quando se chega ao lado dele a gente treme, sua frio, e quase desmaia pedindo proteção. A proteção dele não precisa ser parruda ou bandoleira: basta um olhar de compreensão ou mesmo de aflição.
Quem não tem namorado não é quem não tem amor: é quem não sabe o gosto de namorar. Se você tem três pretendentes, dois paqueras, um envolvimento, dois amantes e um esposo; mesmo assim pode não ter nenhum namorado. Não tem namorado quem não sabe o gosto da chuva, cinema, sessão das duas, medo do pai, sanduíche da padaria ou drible no trabalho.
Não tem namorado quem transa sem carinho, quem se acaricia sem vontade de virar lagartixa e quem ama sem alegria.
Não tem namorado quem faz pactos de amor apenas com a infelicidade. Namorar é fazer pactos com a felicidade, ainda que rápida, escondida, fugidia ou impossível de curar.
Não tem namorado quem não sabe dar o valor de mãos dadas, de carinho escondido na hora que passa o filme, da flor catada no muro e entregue de repente, de poesia de Fernando Pessoa, Vinícius de Moraes ou Chico Buarque, lida bem devagar, de gargalhada quando fala junto ou descobre a meia rasgada, de ânsia enorme de viajar junto para a Escócia, ou mesmo de metrô, bonde, nuvem, cavalo, tapete mágico ou foguete interplanetário.
Não tem namorado quem não gosta de dormir, fazer sesta abraçado, fazer compra junto. Não tem namorado quem não gosta de falar do próprio amor nem de ficar horas e horas olhando o mistério do outro dentro dos olhos dele; abobalhados de alegria pela lucidez do amor.
Não tem namorado quem não redescobre a criança e a do amado e vai com ela a parques, fliperamas, beira d'água, show do Milton Nascimento, bosques enluarados, ruas de sonhos ou musical da Metro.
Não tem namorado quem não tem música secreta com ele, quem não dedica livros, quem não recorta artigos, quem não se chateia com o fato de seu bem ser paquerado. Não tem namorado quem ama sem gostar; quem gosta sem curtir quem curte sem aprofundar. Não tem namorado quem nunca sentiu o gosto de ser lembrado de repente no fim de semana, na madrugada ou meio-dia do dia de sol em plena praia cheia de rivais.
Não tem namorado quem ama sem se dedicar, quem namora sem brincar, quem vive cheio de obrigações; quem faz sexo sem esperar o outro ir junto com ele.
Não tem namorado que confunde solidão com ficar sozinho e em paz. Não tem namorado quem não fala sozinho, não ri de si mesmo e quem tem medo de ser afetivo.
Se você não tem namorado porque não descobriu que o amor é alegre e você vive pesando 200Kg de grilos e de medos. Ponha a saia mais leve, aquela de chita, e passeie de mãos dadas com o ar. Enfeite-se com margaridas e ternuras e escove a alma com leves fricções de esperança. De alma escovada e coração estouvado, saia do quintal de si mesma e descubra o próprio jardim.
Acorde com gosto de caqui e sorria lírios para quem passe debaixo de sua janela. Ponha intenção de quermesse em seus olhos e beba licor de contos de fada. Ande como se o chão estivesse repleto de sons de flauta e do céu descesse uma névoa de borboletas, cada qual trazendo uma pérola falante a dizer frases sutis e palavras de galanteio.
Se você não tem namorado é porque não enlouqueceu aquele pouquinho necessário para fazer a vida parar e, de repente, parecer que faz sentido.
sábado, dezembro 09, 2006
Ser Feliz!
"Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo. E que posso evitar que ela vá à falência.Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história. É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma. É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um "não". É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta. Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo... "
(Fernando Pessoa)
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
que poema hein ???!!!
sexta-feira, dezembro 08, 2006
Foto minha, janela do meu quarto.
Perigo: poema nojento. Meninas, não leiam.
Diarréia Sentimental.
Comi demais,
não estou passando bem.
Sentimentos são como mingau,
moles, molhados, sem sal.
Alimentam? não.
Assustam? SIM!
Guardo os meus no bolso
pra tê-los caso...
alguém aconteça.
Mas eles geralmente,
mofam, alegremente,
no meu bolso, quente,
e eu jogo eles
é para a patente.
Ploft,
Ploft,
Ploft.
quinta-feira, dezembro 07, 2006
Desde que o samba é samba.
Caetano Veloso.
Solidão apavora
Tudo demorando em ser tão ruim...
Mas alguma coisa acontece
no quando agora em mim,
Cantando eu mando a tristeza embora
O samba ainda vai nascer,
O samba ainda não chegou,
O samba não vai morrer
Veja o dia ainda não ruim
O samba é pai do prazer
O samba é filho da dor
O grande poder transformador
A tristeza é senhora,
desde que o samba é samba é assim
a lágrima clara sobre a pele escura
a noite a chuva que cai la fora
quarta-feira, dezembro 06, 2006
Renúncia (Manuel Bandeira)
Chora de manso e no íntimo... Procura
Curtir sem queixa o mal que te crucia:
O mundo é sem piedade e até riria
Da tua inconsolável amargura.
Só a dor enobrece e é grande e é pura.
Aprende a amá-la que a amarás um dia.
Então ela será tua alegria,
E será, ela só, tua ventura...
A vida é vã como a sombra que passa...
Sofre sereno e de alma sobranceira,
Sem um grito sequer, tua desgraça.
Encerra em ti tua tristeza inteira.
E pede humildemente a Deus que a faça
Tua doce e constante companheira...
Desencanto (Manuel Bandeira)
Eu faço versos como quem chora
De desalento... de desencanto...
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.
Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.
E nestes versos de angústia rouca,
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.
Eu faço versos como quem morre.
Temas e Variações (Manuel Bandeira)
Sonhei ter sonhado
Que havia sonhado.
Em sonho lembrei-me
De um sonho passado:
O de ter sonhado
Que estava sonhando.
Sonhei ter sonhado...
Ter sonhado o quê ?
Que havia sonhado
Estar com você.
Estar? Ter estado.
Que é tempo passado.
Um sonho presente
Um dia sonhei.
Chorei de repente
Pois, vi, despertado,
Que tinha sonhado.
Espero que tenham gostado.^^
terça-feira, dezembro 05, 2006
Esse é para você, quem nem sabe quem é, ou se soubesse nunca encontraria
esse texto.
Myself.
O mundo é assim gigante e pequeno. Tudo
lá fora é tão vasto, e aqui dentro tão apertado... Os pensamentos amontoam os
sentimentos nas prateleiras das dúvidas, e a vida vai indo... e nós sempre
correndo atrás dela. As idéias são tantas, mas tantas que tenho quase um
problema de superpopulação ideológica aqui. As ações, sempre prudentes, tentam
usar os pensamentos para filtrar as idéias e disfarçar os sentimentos. Profunda
( essa última frase ), daquelas que a gente lê umas dez vezes e só vai entender
no dia seguinte... Esses bichos: as idéias, os sentimentos, as ações, as
vontades, fazem uma barulhada só. Só, encontro o silêncio, com as janelas
abertas para as estrelas que eu já não vejo, atrás da fumaça das nuvens. Só, com
o monitor apagado, quando todos já foram dormir, eu acho que vejo alguma coisa
lá fora... será você? ou não?..... Não, é minha fada, a imaginação. Ela te traz
até aqui de quando em vez, naquele quietinho do jardim, no vazio da solidão. E
como quem ganhou o mundo num dia só, eu durmo, sorrio e sonho.
domingo, dezembro 03, 2006
Posse
>>Quero ser sua
>Mesmo que teu calor dure
>Um fio de sol no matagal
>Um silêncio de minuto em funeral
>>Nosso amor é frágil
>Imagem de meninas sorrindo
>Leve como uma pena caindo
>>A meia lua reflete os pedaços de pano no canto do colchão
>A noite tem seu cheiro
>Tem um trampolim para qualquer ilusão
>E a nossa paixão perdura
>Feito tinta de canetas vagabundas
>Diluindo como grãos de açúcar
>( Falso mel, Falsas criaturas )
>>Ainda quero ser sua
>Antes que você conheça
>Dores de Afrodite, Vênus e da Lua
>Não te peço planetas
>Estrelas, fiquem aonde brilhem com razão
>Largue seriedades na sala
>No engarrafamento das crianças saindo
>No futuro que guarda sua mão
>>Só quero ser sua
>Uma premissa simples, sem lei
>Meu apelo feliz
>Uma taça vazia
>Nosso instante de paz.
Flávia
tirei de http://www.dominiofeminino.com.br/cultura/danetpoesia.htm
sexta-feira, dezembro 01, 2006
Tanto barulho
tanta propaganda
quanto choro.
Eles não tem riso
nem rosto
nem nome
nem privada
nem nada
e de tanto ouvir
não e não e não
como esperam que eles saiam do chão?
Quando erguem a mão, ou melhor
colocam a mão, com toda a razão desse mundo,
num tênis que custa um salário mínimo,
sim, um tênis...
comprado com dinheiro roubado,
dinheiro roubado dos trabalhadores...
(A escravidão não acabou meus amigos,
ela apenas mudou de nome
e está apenas começando.)
Lucro implica em vantagem,
vantagem de quem em cima de quem?
Bom, eu estava falando do tênis.
E descobri que o capitalismo é um roubo.
E se um salário mínimo não paga um tênis
de um mínino mimado que nunca trabalhou na vida...
Eu digo que não só o capitalismo é um roubo
mas que a democracia é uma bobagem.
E quando um menino tira o tênis do outro.
Ele é um ladrão, o burro, o ignorante, o malandro.
O palhaço e a piada, o bandido, o negro, o burro.
Bandido, o burro, safado, malandro burro,
ladrão, burro, ignorante, o burro, burro
burro,
burro...
(e o proconceito continua infinitamente para o além, tranqüilo contente e feliz, saltitando pelo caminho)
É quem trabalha para não receber
luta para não vencer.
Come não porque é gostoso,
mas come para não morrer.
Você já pensou que para você ter o que tem alguém tem que não ter alguma coisa?
quarta-feira, novembro 29, 2006
Foi um momento
Foi um momento
O em que pousaste
Sobre o meu braço,
Num movimento
Mais de cansaço
Que pensamento,
A tua mão
E a retiraste.
Senti ou não ?
Não sei.
Mas lembro
E sinto ainda
Qualquer memória
Fixa e corpórea
Onde pousaste
A mão que teve
Qualquer sentido
Incompreendido.
Mas tão de leve !...
Tudo isto é nada,
Mas numa estrada
Como é a vida
Há muita coisa
Incompreendida...
Sei eu se quando
A tua mão
Senti pousando
''Sobre o meu braço,
E um pouco, um pouco,
No coração,
Não houve um ritmo
Novo no espaço ?
Como se tu,
Sem o querer,
Em mim tocasses
Para dizer
Qualquer mistério,
Súbito e etéreo,
Que nem soubesses
Que tinha ser.
Assim a brisa
Nos ramos diz
Sem o saber
Uma imprecisa
Coisa feliz. .
AUTOPSICOGRAFIA
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração.
terça-feira, novembro 28, 2006
que tenha os pés no chão, assim,
quando esse alguém te faz voar,
você tem onde se segurar
pode até ser meio
contraditório o jeito
que a mesma pessoa
que te manda para as alturas
seja a mesma que te segura no chão
mas afinal, desde quando o amor é coerente?"
de um poeta das quadradezas...
segunda-feira, novembro 27, 2006
Luz Negra
Cazuza
Composição: Nelson Cavaquinho e Irani Barros
sempre só
eu vivo procurando alguém
que sofra como eu também
mas não consigo achar ninguém
Sempre só
E a vida vai seguindo assim
Não tenho quem tem dó de Mim
Tô chegando ao fim
A luz negra de um destino Cruel
Ilumina um teatro sem cor
Hoje eu tô representando o Papel
Do palhaço do amor
Sempre só E a vida vai seguindo...
vai Seguindo assim
Não tenho quem tem dó de Mim
Tô chegando ao fim
A luz negra de um destino Cruel
Ilumina um teatro sem cor
Hoje eu tô representando o Papel
Do palhaço do amor
Sempre só
E a vida vai seguindo assim
Não tenho quem tem dó de Mim
Eu tô chegando ao fim
Eu tô chegando ao fim
Eu tô chegando ao fim
Eu tô chegando ao fim
domingo, novembro 26, 2006
Natal
Rubem Braga
É noite de Natal, e estou sozinho na casa de um amigo, que foi para a fazenda. Mais tarde talvez saia. Mas vou me deixando ficar sozinho, numa confortável melancolia, na casa quieta e cômoda. Dou alguns telefonemas, abraço à distância alguns amigos. Essas poucas vozes, de homem e de mulher, que respondem alegremente à minha, são quentes, e me fazem bem, "Feliz Natal, muitas felicidades!"; dizemos essas coisas simples com afetuoso calor; dizemos e creio que sentimos; e como sentimos, merecemos. Feliz Natal!
Desembrulho a garrafa que um amigo teve a lembrança de me mandar ontem; vou lá dentro, abro a geladeira, preparo um uísque, e venho me sentar no jardinzinho, perto das folhagens úmidas. Sinto-me bem, oferecendo-me este copo, na casa silenciosa, nessa noite de rua quieta. Este jardinzinho tem o encanto sábio e agreste da dona da casa que o formou. É um pequeno espaço folhudo e florido de cores, que parece respirar; tem a vida misteriosa das moitas perdidas, um gosto de roça, uma alegria meio caipira de verdes, vermelhos e amarelos.
Penso, sem saudade nem mágoa, no ano que passou. Há nele uma sombra dolorosa; evoco-a neste momento, sozinho, com uma espécie de religiosa emoção. Há também, no fundo da paisagem escura e desarrumada desse ano, uma clara mancha de sol. Bebo silenciosamente a essas imagens da morte e da vida; dentro de mim elas são irmãs.
Penso em outras pessoas. Sinto uma grande ternura pelas pessoas; sou um homem sozinho, numa noite quieta, junto de folhagens úmidas, bebendo gravemente em honra de muitas pessoas.
De repente um carro começa a buzinar com força, junto ao meu portão. Talvez seja algum amigo que venha me desejar Feliz Natal ou convidar para ir a algum lugar. Hesito ainda um instante; ninguém pode pensar que eu esteja em casa a esta hora. Mas a buzina é insistente. Levanto-me com certo alvoroço, olho a rua e sorrio: é um caminhão de lixo. Está tão carregado, que nem se pode fechar; tão carregado como se trouxesse todo o lixo do ano que passou, todo o lixo da vida que se vai vivendo. Bonito presente de Natal!
0 motorista buzina ainda algumas vezes, olhando uma janela do sobrado vizinho. Lembro-me de ter visto naquela janela uma jovem mulata de vermelho, sempre a cantarolar e espiar a rua. É certamente a ela quem procura o motorista retardatário; mas a janela permanece fechada e escura. Ele movimenta com violência seu grande carro negro e sujo; parte com ruído, estremecendo a rua.
Volto à minha paz, e ao meu uísque. Mas a frustração do lixeiro e a minha também quebraram o encanto solitário da noite de Natal. Fecho a casa e saio devagar; vou humildemente filar uma fatia de presunto e de alegria na casa de uma família amiga.
sábado, novembro 25, 2006
Tenho Tanto Sofrimento
Tenho tanto sentimento
Que é freqüente persuadir-me
De que sou sentimental,
Mas reconheço, ao medir-me,
Que tudo isso é pensamento,
Que não senti afinal.
Temos, todos que vivemos,
Uma vida que é vivida
E outra vida que é pensada,
E a única vida que temos
É essa que é dividida
Entre a verdadeira e a errada.
Qual porém é a verdadeira
E qual errada, ninguém
Nos saberá explicar;
E vivemos de maneira
Que a vida que a gente tem
É a que tem que pensar.
O Amor Quando se Revela
O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.
Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente
Cala: parece esquecer
Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pra saber que a estão a amar!
Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!
Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...
os dois poemas são de Fernando Pessoa
quinta-feira, novembro 23, 2006
quarta-feira, novembro 22, 2006
“De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zêlo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e darramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contetentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, pôsto que e chama
Mas que seja infinito enquanto dure.”
Vinicius de Moraes - Soneto da fidelidade
terça-feira, novembro 21, 2006
Cazuza
Composição: Cartola
Ainda é cedo amor,
mal começaste a conhecer a vida,
já anuncias a hora da partida,
sem saber mesmo o rumo que irás tomar.
Presta atenção querida,
embora eu saiba que estás resolvida,
em cada esquina cai um pouco a tua vida,
em pouco tempo não serás mais o que és.
Ouça-me bem amor,
preste atenção,
o mundo é um moinho,
vai triturar teus sonhos tão mesquinhos,
vai reduzir as ilusões à pó.
Presta atenção querida,
de cada amor tu herdarás só o cinismo,
quando notares estais a beira do abismo,
abismo que cavastes com teus pés.
domingo, novembro 19, 2006
Com sabor de fruta mordida
Nós, na batida, no embalo da rede
Matando a sede na saliva
Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum trocado pra dar garantia
E ser artista no nosso convívio
Pelo inferno e céu de todo dia
Pra poesia que a gente nem vive
Transformar o tédio em melodia...
Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum veneno anti-monotonia...
E se eu achar a tua fonte escondida
Te alcanço em cheio
O mel e a ferida
E o corpo inteiro feito um furacão
Boca, nuca, mão e a tua mente, não
Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum remédio que me dê alegria...
Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum trocado pra dar garantia
E algum veneno anti-monotonia...
Cazuza
terça-feira, novembro 14, 2006
Estava eu no ônibus quando o impossível, o inacontecível acontece mais uma vez.Uma linda moreninha de pequenos anos de idade e caracóis claros de cabelo tinha uma atitude capaz até de derrubar uma máscara. Máscara essa do tipo que o medo coloca nos homens. Doce Ilusão. A menina no ônibus gritou "Cacaca"! A mãe disse "Onde filinha?". Ninguém viu nada. A criança demorou alguns segundos e gritou novamente a mesma coisa. Só que dessa vez, ela foi rápida o bastante para flagrar com boa precisão um homem com seu dedo escondido dentro do ouvido. O dedo ia tão fundo que parecia que ia sair pelo outro ouvido. O homem já era careca e tinha legítimaos bigodes, no sentido mais amplo e generoso da palavra. Eles iam até o queixo. Ao ouvir o grito de alarme da criança ( o segundo Cacaca) ele fez um movimento giratório com a mão, quase tão preciso quanto o dedinho da criança que apontava para ele. Ao perceber que aquele segundo grito havia feito todo o ônibus olhar fixamente para ele, ele removeu rapidamente o enorme dedo ( que só perdia em tamanho para o seu PEQUENO bigode) de dentro do ouvindo.
A pequena menina havia capturado o momento perfeito, exatamente no ápice do movimento de limpar o ouvido. Sem dó nem piedade a criança deixou o velho tão envergonhado que ele fez aquela cara de "Problema meu !, ninguém tem nada com isso , limpo meu ouvido com o dedo mesmo e não estou preocupado com o que os outros pensam!". A criança não teve nem dó nem piedade, cruel menina pobre homem.
domingo, novembro 12, 2006
domingo, outubro 22, 2006
Estava eu numa sala de aula totalmente desconhecida e que provavelmente nunca voltarei a ver. À minha direita, estava uma exótica personalidade, a mesma que é mencionada no pequeno título desse pobre texto. Lá pelas tantas, quando o papo corria solto pela sala de aula e quando essa mulher começou seu discurso, percebi que algo escapava à todas as regras de bom senso. Ela contava com uma voz alta, clara e descontrolada que a bibliotecária havia a desrespeitado. Nossa amiga bióloga havia respondido diversos capítulos de um livro de exercícios da biblioteca. Quando foi devolver o livro, a bibliotecária indagou com um ar meio indignado, mas dotado de toda a razão: "Os livros estão todos riscados...". É evidente que não se pode responder livros de biblioteca nem escrever neles pois as obras serão utilizadas várias vezes por outros usuários. Acontece que a mulher soltou a seguinte resposta "Mas é a lápis minha querida!" e para fechar com chave de ouro "Estou te ajudando a ser útil".Pensava ela que apagar livros era função exclusiva da jovem atrás do balcão. Pensava ela que as bibliotecárias eram o tipo de criatura mais inútil e nerds que já fora inventado. O que uma moça dessa classe faz? fotossíntese? Ainda mais numa biblioteca de escola pequena, aberta das 9 às 20 horas. No mínimo ela já leu todas as obras do estabelecimento inteiro umas duas vezes. "E ainda ficou me olhando depois que eu entreguei o livro" disse ainda nossa baiana, bióloga, estudante de alemão nos sábados de manhã. Possuia mais ou menos 40 anos, óculos de haste transparente, tênis verde limão, branco e preto da nike. Calça jeans não justa mas ainda longe de ser larga. Blusa de lã com um broche de enfeite. Cabelo curto pintado de marrom vermelho, expressão séria, cicatrizes na buchecha. Quase baixinha. Louca. Insana.
sexta-feira, outubro 20, 2006
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